terça-feira, 15 de julho de 2008


Recebi esta poesia a um tempo atrás

de um amigo muito querido. Não sei quem

é o autor, mas nunca a esqueci.



AMOR EM POUSO DE AVE


Eis que te queria plena,

não com ares de entrega.


(Antes, o olho invasivo

da paixão total e cega).


Eis que te queria inteira

mas não assim, repentina


(Antes, o corpo que aos poucos

é entregue a quem se destina).


Eu te queria fechada

sem janelas e postigos.


(Mas chave pronta ao segredo

do que não penso ou não digo).


Eu te queria nos ventos

só por ver-te, me consolo.


Tu, o meu pássaro doído.

Eu tua sombra no solo.


Eis que eu te queria calma,

mas não constante ou tão quieta


(Antes o denso imprevisto

de uma obra incompleta).


Eis que eu te queria louca

mas não assim, em conflito.


(Antes o denso imprevisto

de uma obra incompleta).


Eis que eu te queria louca

mas não assim, em conflito.


(Antes, linha que me solta

preso ao timbre de teu grito).


Eu não queria um amor

que engole vidro moído.


(Mas alma em pouso de ave

ao colo dos meus sentidos).


Eu aprendi que o teu nome

me liberta e me vigia


Por isso te quero minha

Para sempre. Ou por um dia.

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