segunda-feira, 30 de agosto de 2010

LAMENTO


"Asas cansadas de quem vem de longe,
sem bússola, sem mapa e calendário.
Navegando ao acaso, perdulário.
no gesto que marcou o teu silêncio.
No entanto teu amor imaginário
vinha de lábios cheios de ternura,
de carícias de mãos tão desiludidas
que foram no adeus interminável.
Meus olhos se perdiam nos teus olhos
e doce brisa pelo mar corria.
Tudo era leve como um dia claro:
era minha manhã, minha alegria.
Foste embora e levaste o itinerário,
sabendo que eu ficava e que eu morria."

(oliveiros litrento in Orfeu e a Ninfa)

domingo, 29 de agosto de 2010

VINTE POEMAS DE AMOR Y UNA CANCIÓN DESESPERADA


"Oh poder celebrarte
con todas las palabras de alegria.

Cantar, arder, huir,
Como un campanario de las manos de un loco."


( Pablo Neruda)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

AO SABOR DOS SENTIDOS...

‎- Vives no mundo da lua! – dirás.
- Oh, sim! E é daqui que me divirto, assistindo tua loucura! – responderei.”

(Abel de Jesus Requião)

domingo, 15 de agosto de 2010

O DOM DE SONHAR

A esperança engana.
Mente o sonho.
Eu sei.

Que mentiras lindas
eu mesma inventei
e contei pra mim ...

(Helena Kolody
in ‘Caixinha de Música’)

Emile Pandolfi Somewhere In Time Piano Solo

CAIO FERNANDO ABREU


Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.


Caio Fernando Abreu-
(Caio 3D, O Essencial da Década de 1970)



OSCAR WILDE


...somente o coração de um Rouxinol
pode avermelhar o coração de rosa.

Balada para un loco (canción ilustrada)

sábado, 14 de agosto de 2010

TERRA

em golfadas envolve-me toda,
apagando as marcas individuais,

devora-me até que eu
não respire mais.

(Olga Savary)



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ballet Montage - Patrícia - Caetano Veloso

CAIO FERNANDO ABREU

..."E decidiu: vou viajar.
Porque não morri,
porque é verão,
porque é tarde demais
e eu quero ver, rever,
transver, milver tudo que não vi
e ainda mais do que já vi,
como um danado, quero ver feito Pessoa,
que também morreu sem encontrar.
Maldito e solitário, decidiu ousado:
vou viajar.

(excerto)
Caio Fernando Abreu



MANUEL DE BARROS

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.



RAINER MARIA RILKE

"Tenho tal medo da palavra dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.

E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.

Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas."

domingo, 8 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010