terça-feira, 31 de julho de 2012


domingo, 29 de julho de 2012

[...]


"Pisando em ovos para não despertar os que sonham. Quero estar perto
daqueles que têm alma de poeta e como se fosse oxigênio, não vivem
sem poesia."

Marinez Full

sábado, 28 de julho de 2012

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Maiakóvski


Injeta sangue no meu coração, enche-me até o bordo das veias! Mete-me no crânio
pensamentos! Não vivi até o fim o meu bocado terrestre , sobre a terra não vivi o
meu bocado de amor. Eu era gigante de porte, mas para que este tamanho? Para tal
trabalho basta uma polegada. Com um toco de pena, eu rabiscava papel, num canto
do quarto, encolhido, como um par de óculos dobrado dentro do estojo. Mas tudo
que quiserdes eu farei de graça: esfregar, lavar, escovar, flanar, montar guarda.
Posso, se vos agradar, servir-vos de porteiro. Há, entre vós, bastante porteiros? Eu
era um tipo alegre, mas que fazer da alegria, quando a dor é um rio sem vau? Em
nossos dias, se os dentes vos mostrarem não é senão para vos morder ou dilacerar.
O que quer que aconteça, nas aflições, pesar... Chamai-me! Um sujeito engraçado
pode ser útil. Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares
dar-vos-ei em versos. Eu amei... mas é melhor não mexer nisso. Te sentes mal?

Maiakóvski

e se...


Para limpar lágrimas, Paulo Leminski

domingo, 1 de julho de 2012

MISS NUDE

[...]


Às vezes“
Sinto-me batendo nas teclas de um piano mudo
Surpreendo-me camponês
Semeando terras estéreis
Vejo-me voando com asas de cera
Cada vez mais alto, tentando alcançar teus olhos
Tentando alcançar com a ponta dos dedos


Uma lágrima que cai com o vento
Uma gota que se estilhaça ao me aproximar
Me faz parar, deitar e chorar
E te abandonar
E te deixar só em tua ilha distante
Longe dos meus versos azuis
Longe do meu olhar suplicante
Nunca saberás, então
Quanta saudade sentirei no primeiro segundo
No instante em que me rasgar tua ausência
Nunca saberás qual é o gosto de minha essência


Não posso mais vagar pelas trevas
De tua velha mansão em ruínas
Não consigo buscar-te às cegas
Numa queda livre que nunca termina
No entanto
Se tudo que fomos foi poesia
Deixo-te uma garrafa de minha essência
Infelizmente
Vazia.

Fernando Pessoa, in Diário, Fev.-Abr. 1913