terça-feira, 15 de julho de 2008

Debate

ABINEE aprova notebook de R$ 1 mil para professor, mas considera iniciativa um desafio para o setor


O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou, no início deste mês, em Brasília, o Programa Computador Portátil para Professor. A iniciativa permite que professores de escolas públicas e privadas comprem um notebook por até R$ 1 mil. Para a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), a iniciativa é boa, mas é vista como um desafio. “Em primeiro lugar, é preciso ter uma noção de quantos computadores serão vendidos. Não temos essa noção, mas achamos que temos condições de enfrentar o problema e resolver. Este desafio passa por algumas variáveis, a primeira delas é o preço”, explica Irineu Govêa, diretor de Informática da ABINEE.

Além de pagar R$ 1 mil pelo computador, os educadores podem, ainda, financiar o valor em até dois anos. O governo acredita que, aproximadamente, 3,4 milhões de educadores possam se beneficiar do programa. Mas este número pode ser bem maior, pelo fato do notebook ser hoje um objeto de desejo. De acordo com estimativas da ABINEE, o mercado de notebooks crescerá 98% neste ano, chegando a 3.790.000 unidades.

A questão do preço é um dos principais desafios expostos pela associação. “O preço foi fixado em R$ 1 mil, mas não sabemos o que poderá acontecer com a cotação do câmbio. Hoje ela está favorável para a importação de componentes, mas o dólar tem uma variação. E boa parte dos componentes do laptop é importado”.

No início das discussões, a ABINEE chegou a colocar para o governo que não deveria haver um preço fixo. “Este preço é bastante agressivo, porque temos de fornecer um produto de ótima qualidade. Para isso, vamos buscar as peças no mercado. Como esses produtos serão entregues em regiões longínquas, onde muitas vezes não existem fábricas, o usuário precisará de assistência técnica, isso também tem custo. Há, ainda, o fator entrega, que é uma parceria feita com os Correios, e também tem um valor”, afirma Govêa. Outro fator relevante é a indústria ter condições de fornecer os componentes. São placas-mãe, memórias, HD, fontes etc, grande parte existe no mercado interno. “Isso é bom porque desenvolve o mercado de trabalho do país, mas, ao mesmo tempo, é preciso ter condições de atender. Vai depender da demanda, isso, por enquanto, é incógnito”.

A discussão do governo com o setor eletroeletrônico a respeito do programa foi bastante ampla. “A ABINEE foi interlocutora do Governo. Nós coligamos os fabricantes, que falaram por intermédio da ABINEE. E o governo também levou para a discussão os Correios, como parte integrante deste pacote, para poder fazer as entregas nas regiões”.

Irineu Govêa vê o Programa Computador Portátil para Professor de fundamental importância para a educação do País. “Hoje em dia você não pode falar em educação sem esse tipo de ferramenta. O computador é um grande facilitador para as atividades diárias do professor, ou seja, preparação de aula, pesquisa de informações, material didático, atividades assessórias”.

Os computadores começarão a ser vendidos a partir de setembro. Cada professor poderá comprar apenas um e o controle pelo CPF será feito pelos Correios. As empresas colocarão um informativo anunciando suas máquinas. Então, o professor escolhe a marca de sua preferência, qual terá uma garantia maior de assistência técnica etc. “Rapidamente o programa vai estar na rua. Vai caber ao professor fazer sua escolha”.

O computador deve ter, no mínimo, 512MB de memória, disco rígido de 40Gb, tela plana de LCD, acesso à redes sem fio de Internet e software livre com mais de 27 aplicativos, além de programas específicos para a área educacional, entre outras características técnicas.

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