sábado, 8 de outubro de 2011

CLARICE LISPECTOR

"Estremeço de prazer por entre a novidade
de usar palavras que formam intenso matagal.
Luto por conquistar mais profundamente a
minha liberdade de sensações e pensamentos,
sem nenhum sentido utilitário: sou sozinha, eu e
minha liberdade. É tamanha a liberdade que
pode escandalizar um primitivo, mas sei que não
te escandalizas com a plenitude que consigo e que
é sem fronteiras perceptíveis. Esta minha capacidade
de viver o que é redondo e amplo - cerco-me por
plantas carnívoras e animais legendários, tudo
banhado pela tosca e esquerda luz de um sexo mítico.
Vou adiante de modo intuitivo e sem procurar uma
idéia: sou orgânica. E não me indago sobre os meus
motivos. Mergulho na quase dor de uma intensa
alegria – e para me enfeitar nascem entre os meus
cabelos folhas e ramagens"...

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