"Outrora eu era daqui, e hoje regresso
estrangeiro. Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim. Já vi tudo,
ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei. Eu reinei no que nunca
fui."
Fernando Pessoa
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
SARRO
Sou teu escravo, mas não me tens cativo
e sendo minha não serás meu gado
proprietária da graça que te faz rainha
impões com a beleza o que me dá vontade
Perguntam como faço quando estás sozinha
e cuidas do teu corpo, extrema divindade
digo que me deito à espreita da vinha
apogeu da festa sem papéis trocados
A não ser que o curral onde o desejo esgrime
abrigue uma transgressão de personagens
e viramos bichos farejando o orgasmo
A submissão se exime e pede licença
deixa de ser tortura, exílio e desavença
e se transforma no sorvo de infinito sarro
Nei Duclós
e sendo minha não serás meu gado
proprietária da graça que te faz rainha
impões com a beleza o que me dá vontade
Perguntam como faço quando estás sozinha
e cuidas do teu corpo, extrema divindade
digo que me deito à espreita da vinha
apogeu da festa sem papéis trocados
A não ser que o curral onde o desejo esgrime
abrigue uma transgressão de personagens
e viramos bichos farejando o orgasmo
A submissão se exime e pede licença
deixa de ser tortura, exílio e desavença
e se transforma no sorvo de infinito sarro
Nei Duclós
PRESSA
Poema feito às pressas, pálida doçura
como açúcar posto em toalha de linho
junto ao café, forte e meio ardido
a temperar o beijo dado na saída
Passo a mão de leve em tua cintura
na hora de acender o fogaréu do dia
homenagem à noite, rasgo de ternura
ruptura de um grito que acordou o susto
Fosse verão estarias bem curtinha
com vestes do algodão mais sem vergonha
o que mostra a renda, palpitando fugas
Mas é quase junho, flor da minha alegria
preciso ir embora, fingir que não descuido
despertadora do meu olhar comprido
Nei Duclós
como açúcar posto em toalha de linho
junto ao café, forte e meio ardido
a temperar o beijo dado na saída
Passo a mão de leve em tua cintura
na hora de acender o fogaréu do dia
homenagem à noite, rasgo de ternura
ruptura de um grito que acordou o susto
Fosse verão estarias bem curtinha
com vestes do algodão mais sem vergonha
o que mostra a renda, palpitando fugas
Mas é quase junho, flor da minha alegria
preciso ir embora, fingir que não descuido
despertadora do meu olhar comprido
Nei Duclós
terça-feira, 14 de maio de 2013
Hilda Hilst
"Que boca há de roer o tempo? Que rosto
Há de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?
Há de chegar depois do meu? Quantas vezes
O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?
Atravessaremos juntos as grandes espirais
A artéria estendida do silêncio, o vão
O patamar do tempo?
A artéria estendida do silêncio, o vão
O patamar do tempo?
Quantas vezes dirás: vida, vésper, magna-marinha
E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor
E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor
Uma nova vertente há de nascer em ti
E quantas vezes em mim há de morrer."
E quantas vezes em mim há de morrer."
Hilda Hilst
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
Hilda Hilst
"Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas
escomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te
ôfrega
Como se fosses morrer colado à
minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas
escomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te
ôfrega
Como se fosses morrer colado à
minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
Hilda Hilst
E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Hilda Hilst
"Antes que o mundo acabe,
deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso...
E nos cobrimos de beijos
E de flores...
...antes que o mundo se acabe."
deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso...
E nos cobrimos de beijos
E de flores...
...antes que o mundo se acabe."
GRITO MUDO
Grito mudo de tanta delicia
mulher que respira comigo bem junto
rasgo de sol no corpo úmido
tanta beleza, tanto desejo,
quero pousar a mão em tua pele
plena de incêndio.
Te beijo, encaixe perfeito
um sonho reto e firme, alcançar tuas nuvens,
navegar tuas pétalas para nos desmanchar em folhas
flor que devoro nua em segredo
Nessas profundezas teço uma incursão dos meus impulsos,
rompendo a timidez e me fazendo fundo,
enquanto teus óleos de amêndoas tão femininas
me inundam de prazer compartilhado que busca o infinito.
Levei para o sono esse mergulho,
enlaçado na possível comunhão de vontades mútuas.
Tua flor vermelha me tirou o fôlego
Fecho os olhos com teu beijo e sonho.
Dentro de ti navego, num mar de delicia.
Fantasio esse toque, imagino tanta pele,
quero mergulhar nesse segredo.
Vontade de mais querer, trêmula e feminina
Se dissolva nesse sonho que é pura beleza
Risco tua pele que se arrepia e vira um lago por dentro
Tuas águas interiores, lá bebo num aperto.
Tu e eu, segredos num toque bonito, a distancia,
mas próximos, o querer tecido na noite de poucas palavras,
só essa vontade, tateada, trêmula, de diferenças que se olham.
Um bom dia longo como um beijo molhado que não acaba.
E tudo volta à poesia, pousa a passarinha
na copa alta das palavras mais plenas de doçura
Nei Duclós
mulher que respira comigo bem junto
rasgo de sol no corpo úmido
tanta beleza, tanto desejo,
quero pousar a mão em tua pele
plena de incêndio.
Te beijo, encaixe perfeito
um sonho reto e firme, alcançar tuas nuvens,
navegar tuas pétalas para nos desmanchar em folhas
flor que devoro nua em segredo
Nessas profundezas teço uma incursão dos meus impulsos,
rompendo a timidez e me fazendo fundo,
enquanto teus óleos de amêndoas tão femininas
me inundam de prazer compartilhado que busca o infinito.
Levei para o sono esse mergulho,
enlaçado na possível comunhão de vontades mútuas.
Tua flor vermelha me tirou o fôlego
Fecho os olhos com teu beijo e sonho.
Dentro de ti navego, num mar de delicia.
Fantasio esse toque, imagino tanta pele,
quero mergulhar nesse segredo.
Vontade de mais querer, trêmula e feminina
Se dissolva nesse sonho que é pura beleza
Risco tua pele que se arrepia e vira um lago por dentro
Tuas águas interiores, lá bebo num aperto.
Tu e eu, segredos num toque bonito, a distancia,
mas próximos, o querer tecido na noite de poucas palavras,
só essa vontade, tateada, trêmula, de diferenças que se olham.
Um bom dia longo como um beijo molhado que não acaba.
E tudo volta à poesia, pousa a passarinha
na copa alta das palavras mais plenas de doçura
Nei Duclós
terça-feira, 12 de março de 2013
[...]
"Vês como fico pequena quando escrevo
para ti? É por isso que eu nunca poderei
ser poeta. O poeta se engrandece perante
a ausência, como se a ausência fosse seu
altar, e ele ficasse maior que a palavra. No
meu caso, não, a ausência me deixa
submersa, sem acesso a mim.
Este é o meu conflito: quando estás, não
existo, ignorada. Quando não estás, me
desconheço, ignorante. Eu só sou na tua
presença. E só me tenho na tua ausência.
Agora, eu sei. Sou apenas um nome. Um
nome que não se acende senão em tua boca."
Mia Couto, em Antes de Nascer o Mundo
para ti? É por isso que eu nunca poderei
ser poeta. O poeta se engrandece perante
a ausência, como se a ausência fosse seu
altar, e ele ficasse maior que a palavra. No
meu caso, não, a ausência me deixa
submersa, sem acesso a mim.
Este é o meu conflito: quando estás, não
existo, ignorada. Quando não estás, me
desconheço, ignorante. Eu só sou na tua
presença. E só me tenho na tua ausência.
Agora, eu sei. Sou apenas um nome. Um
nome que não se acende senão em tua boca."
Mia Couto, em Antes de Nascer o Mundo
[...]
Quando o assunto é vida amorosa, não existe escolha.
Quando a gente vê, está lá. Sentada na cadeira, sem
cinto de segurança pronta para um loaping.
Frio na barriga.
Embrulho no estômago.
Vontade de sumir.
Ai, para o mundo que eu quero descer!
cinto de segurança pronta para um loaping.
Frio na barriga.
Embrulho no estômago.
Vontade de sumir.
Ai, para o mundo que eu quero descer!
[...]
“E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bem-te-vi.”
Manoel de Barros - trechosdaliteratura
EM 25 DE FEVEREIRO...
Hoje
Vênus ingressa Peixes. Onde se exalta, onde expressa bem suas
características de beleza, afeto, sedução e humanidade. É aí que o Amor
mistura todas as coisas. E tudo que inspira, sugere, simboliza é com
essa moça aí que é também louca de pedra, doida
varrida. Deliciosamente doidivana. Lembrem-se que o nascimento de Vênus
se deu nas espumas do grande mar, depois que Saturno castrou seu pai:
Urano. Com o corte de um falo descomunal que só produzia monstros,
nasceu a beleza, a humanidade e o Amor.
Essa Vênus, quando ama, se doa inteira, quando vê alguém sofrer, também. É altruísta e extremamente romântica e delicada. Essa carta acima do baralho do Milo retrata bem a atmosfera quase mágica e sensível desta Vênus, não acham? Parece que ela vem do mar, ou vai se entregar a ele. Vênus em Peixes é viajandona também. Idealiza demais o Amor e constrói castelos onde não se vê nem a areia. Por isso, tem a fama de sofredora. De amante. Pode ser aquela que fica sempre nos bastidores da vida amorosa de alguém. Marginalizada, portanto. De todo modo, o fato é que Ela se entrega profundamente à vida e aos seus mistérios. E isso não é pra qualquer um, ou qualquer uma, não é mesmo?
Vênus descreve também nossos valore$ e, em Peixes, no signo da abundância, as finanças tendem a melhorar, sempre que não se gaste mais de que se tem e não se exagere, oficórsi. E da abundância pro excesso são só algumas braçadas de mar25 de fevereiro às 21:11 ·
Essa Vênus, quando ama, se doa inteira, quando vê alguém sofrer, também. É altruísta e extremamente romântica e delicada. Essa carta acima do baralho do Milo retrata bem a atmosfera quase mágica e sensível desta Vênus, não acham? Parece que ela vem do mar, ou vai se entregar a ele. Vênus em Peixes é viajandona também. Idealiza demais o Amor e constrói castelos onde não se vê nem a areia. Por isso, tem a fama de sofredora. De amante. Pode ser aquela que fica sempre nos bastidores da vida amorosa de alguém. Marginalizada, portanto. De todo modo, o fato é que Ela se entrega profundamente à vida e aos seus mistérios. E isso não é pra qualquer um, ou qualquer uma, não é mesmo?
Vênus descreve também nossos valore$ e, em Peixes, no signo da abundância, as finanças tendem a melhorar, sempre que não se gaste mais de que se tem e não se exagere, oficórsi. E da abundância pro excesso são só algumas braçadas de mar25 de fevereiro às 21:11 ·
[...]
"Aquí estoy para perdonarte; que aquí estoy para amarte y tu, ¿donde estas, Diego, donde estas?"
Frida Kahlo
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
domingo, 13 de janeiro de 2013
Assinar:
Postagens (Atom)