terça-feira, 12 de março de 2013

[...]

"Vês como fico pequena quando escrevo
para ti? É por isso que eu nunca poderei
ser poeta. O poeta se engrandece perante
a ausência, como se a ausência fosse seu
altar, e ele ficasse maior que a palavra. No
meu caso, não, a ausência me deixa
submersa, sem acesso a mim.
Este é o meu conflito: quando estás, não
existo, ignorada. Quando não estás, me
desconheço, ignorante. Eu só sou na tua
presença. E só me tenho na tua ausência.
Agora, eu sei. Sou apenas um nome. Um
nome que não se acende senão em tua boca."


Mia Couto, em Antes de Nascer o Mundo

Nenhum comentário: