sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
domingo, 31 de outubro de 2010
ENTREGA
Os teus dedos seguem suaves
o contorno de meus lábios,
São o traço com que desenhas tua boca
na minha boca, neste beijo que
apenas invento na impalpável realidade
dessa noite quente.
Teu olhar é o lápis escuro
com que percorres meus olhos
Realçando as sombras dos teus cílios que
deitam sobre mim pequenos raios
de uma luz brilhante que me acolhe e abriga
No escuro dos teus cabelos,
deixo meus dedos perderem-se
E na floresta encantada de perfumes
e essências que me despertas
nossos cheiros se misturam.
Sinto o carvão cobrir minhas mãos,
dispersar-se pela cor bronzeada
do papel que é tua pele
Em meu pescoço deixas
resvalar os sentidos,
em cálidos, doces e úmidos beijos.
Em meus ombros
repousas tua face,
como se a me pedir um
embalar de sonhos sem fim.
Em meu peito soltas suavemente
tua língua, como pincel que
em tons suaves pinta a cor do meu corpo.
A palma suave das tuas mãos
inventadas no vento dos dias,
percorre ondulante o perfil da minha cintura
e dela sentes o calor e absorves a entrega.
Em meu ventre sossegas teu ouvido,
que no silêncio perdido,
escuta o estremecer urgente do prazer.
Intuis caminhos
Trilhas que pareciam perdidas,
te levam ao universo de meus desejos
Caminhas na ponta dos dedos, e
neles sentes os sinais que minha pele madura,
te oferece em sintonias de prazer
Esqueço o tempo, que deixou de passar
e em teus braços entrego-me,
para que me recebas e
na envolvência desta certeza, dou-te
todas as sensações e todas as emoções
dos sabores transgredidos.
Abro os olhos
e sobre o papel, o que foram riscos avulsos,
são agora traços difusos,
do universo de nossos desejos e ânsias.
Nada mais... Nada mais.
sábado, 30 de outubro de 2010
POEMA PRA QUE ENLOUQUEÇAS
Que meu poema chegue aos teus ouvidos
Com a fúria e persistência das ondas
Ante a arrogância dos rochedos
Que rasgue a pele da tua carcaça
E penetre teu corpo rígido
Como o primeiro raio da manhã
- Até arrancar de ti o gozo do entendimento -
Que torça teus sentimentos
Como roupa lavada
Pra que deles escoe tua verdade escondida
Em lágrimas salgadas de dignidade
Que espalhe palavras de amor
Em teu árido terreno
Verdejando de delicadeza
O campo minado de tuas defesas
Que as raízes e ramos das palavras
Desativem as bombas que escondeste
Pra explodirem sob meus passos de angústia
Que transforme dor em riso insano
Pra lembrares de tua loucura tão negada
Que arranque tuas vestes
E enudeça tua vergonha
Começando por desatar
o nó de tua gravata forca
E que essas mesmas raízes
Enrosquem-se no corpo de teus mortos
E os traga vivos à superfície
Pro derradeiro acerto de contas
Que enlouqueças um pouco com meu poema
Pra aprenderes a rir de teus valores torpes
Que meu poema te faça menino
E deboche de tua retórica vaidosa
Escorrendo entre teus dedos
qual sorvete derretido
Que meu poema te dê asas
E coragem pra voar
Derretendo o chumbo de tudo o que recalcaste
Que desça em tua garganta
Como calda de chocolate
Neutralizando o fel dos teus afetos tortos
Que meu poema seja bússola
Na escuridão de teus inúteis conceitos
Embaralhando as letras de teus livros de leis
reciclando-as em sonetos de amor
Que meu poema seja jangada
De volta a cada fim de tarde
trazendo sorrisos e alimento
Mas sobretudo
Trazendo-te de volta
Inebriado de poesia
E saudade
Que meu poema seja teu novo código de ética
(POEMA DE CADO SELBACH)
Com a fúria e persistência das ondas
Ante a arrogância dos rochedos
Que rasgue a pele da tua carcaça
E penetre teu corpo rígido
Como o primeiro raio da manhã
- Até arrancar de ti o gozo do entendimento -
Que torça teus sentimentos
Como roupa lavada
Pra que deles escoe tua verdade escondida
Em lágrimas salgadas de dignidade
Que espalhe palavras de amor
Em teu árido terreno
Verdejando de delicadeza
O campo minado de tuas defesas
Que as raízes e ramos das palavras
Desativem as bombas que escondeste
Pra explodirem sob meus passos de angústia
Que transforme dor em riso insano
Pra lembrares de tua loucura tão negada
Que arranque tuas vestes
E enudeça tua vergonha
Começando por desatar
o nó de tua gravata forca
E que essas mesmas raízes
Enrosquem-se no corpo de teus mortos
E os traga vivos à superfície
Pro derradeiro acerto de contas
Que enlouqueças um pouco com meu poema
Pra aprenderes a rir de teus valores torpes
Que meu poema te faça menino
E deboche de tua retórica vaidosa
Escorrendo entre teus dedos
qual sorvete derretido
Que meu poema te dê asas
E coragem pra voar
Derretendo o chumbo de tudo o que recalcaste
Que desça em tua garganta
Como calda de chocolate
Neutralizando o fel dos teus afetos tortos
Que meu poema seja bússola
Na escuridão de teus inúteis conceitos
Embaralhando as letras de teus livros de leis
reciclando-as em sonetos de amor
Que meu poema seja jangada
De volta a cada fim de tarde
trazendo sorrisos e alimento
Mas sobretudo
Trazendo-te de volta
Inebriado de poesia
E saudade
Que meu poema seja teu novo código de ética
(POEMA DE CADO SELBACH)
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
terça-feira, 26 de outubro de 2010
ALBERTO CAEIRO
II - O MEU OLHAR É NÍTIDO COMO UM GIRASSOL
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
In O Guardador de Rebanhos
domingo, 24 de outubro de 2010
BIBLIOTECA ONLINE FERNANDO PESSOA.
"Biblioteca online do Ferando Pessoa:todas as obras que integram a
biblioteca particular do escritor estao disponi'veis, na i'ntegra.
O espo'lio inclui 1142 livros e tambe'm manuscritos, ensaios e poemas,
anotados pelo pro'prio, nas pa'ginas dos livros."
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2233sexta-feira, 22 de outubro de 2010
MONTEIRO LOBATO.
"Dizer coisas difíceis de explicar, mas
de maneira simples e sincera, é privilégio
dos que utilizam o sentimento como forma
de expressão. Monteiro Lobato era um desses.
(Abel De Jesus Requião)
"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca.A gente
nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de pi...scar chegou ao fim,
morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.
É um dorme e
acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...]
A vida
das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso.
Um rosário de piscados.
Cada pisco é um dia.
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda,
pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por
fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o
Visconde.
– Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"
Monteiro Lobato
terça-feira, 19 de outubro de 2010
'DECIR : HACER'
Entre lo que veo y digo ,
entre lo que digo y callo
entre lo que callo y sueño ,
entre lo que sueño y olvido ,
la poesía .
Se desliza
entre el sí y el no :
dice
lo que callo ,
calla
lo que digo ,
sueña
lo que olvido .
No es un decir :
es un hacer .
Es un hacer
que es un decir .
La poesía
se dice y se oye :
es real .
Y apenas digo
es real ,
se disipa .
¿ Así es más real ?
Idea palpable ,
palabra
impalpable :
la poesía
va y viene
entre lo que es
y lo que no es .
Teje reflejos
y los desteje .
La poesía
siembra ojos en la página ,
siembra palabras en los ojos .
Los ojos hablan ,
las palabras miran ,
las miradas piensan .
Oir
los pensamientos ,
ver
lo que decimos ,
tocar
el cuerpo de la idea .
Los ojos
se cierran ,
las palabras se abren .
Octavio Paz
(México)
CECÍLIA MEIRELES.
“Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.”
Fevereiro, 1956
Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)
domingo, 17 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
CANÇÃO PARA UM DESENCONTRO.
Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende,
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões,
e dessa escadaria de tua alma.
Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.
Lya Luft
In: Secreta Mirada
terça-feira, 7 de setembro de 2010
FICAR
domingo, 5 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
LAMENTO
"Asas cansadas de quem vem de longe,
sem bússola, sem mapa e calendário.
Navegando ao acaso, perdulário.
no gesto que marcou o teu silêncio.
No entanto teu amor imaginário
vinha de lábios cheios de ternura,
de carícias de mãos tão desiludidas
que foram no adeus interminável.
Meus olhos se perdiam nos teus olhos
e doce brisa pelo mar corria.
Tudo era leve como um dia claro:
era minha manhã, minha alegria.
Foste embora e levaste o itinerário,
sabendo que eu ficava e que eu morria."
(oliveiros litrento in Orfeu e a Ninfa)
sem bússola, sem mapa e calendário.
Navegando ao acaso, perdulário.
no gesto que marcou o teu silêncio.
No entanto teu amor imaginário
vinha de lábios cheios de ternura,
de carícias de mãos tão desiludidas
que foram no adeus interminável.
Meus olhos se perdiam nos teus olhos
e doce brisa pelo mar corria.
Tudo era leve como um dia claro:
era minha manhã, minha alegria.
Foste embora e levaste o itinerário,
sabendo que eu ficava e que eu morria."
(oliveiros litrento in Orfeu e a Ninfa)
domingo, 29 de agosto de 2010
VINTE POEMAS DE AMOR Y UNA CANCIÓN DESESPERADA
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
AO SABOR DOS SENTIDOS...
domingo, 15 de agosto de 2010
O DOM DE SONHAR
CAIO FERNANDO ABREU
sábado, 14 de agosto de 2010
TERRA
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
CAIO FERNANDO ABREU
..."E decidiu: vou viajar.
Porque não morri,
porque é verão,
porque é tarde demais
e eu quero ver, rever,
transver, milver tudo que não vi
e ainda mais do que já vi,
como um danado, quero ver feito Pessoa,
que também morreu sem encontrar.
Maldito e solitário, decidiu ousado:
vou viajar.
(excerto)
Caio Fernando Abreu
MANUEL DE BARROS
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
RAINER MARIA RILKE
"Tenho tal medo da palavra dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.
E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.
Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas."
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.
E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.
Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas."
domingo, 8 de agosto de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
sábado, 31 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
AMOR COMO EM CASA.
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
(Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio
do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde")
quinta-feira, 22 de julho de 2010
AMOR É SÍNTESE
Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.
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