quinta-feira, 16 de outubro de 2008

CANTO FÚNEBRE SEM MÚSICA.


"Eu não me conformo com a descida dos corações amantes à terra dura.
Assim é, será e foi desde tempos imemoriais: eles seguem pelas trevas,
os sábios e os belos. Coroando de liláses e de louros, eles partem; mas eu
não me conformo.
Amantes e pensadores, contigo dentro da terra, transformados na poeira
morna e cega. Um fragmento do que tu sentias, daquilo que tu sabias,
uma fórmula, uma frase apenas restou - mas o melhor está perdido.
As respostas rápidas e vivas, o olhar honesto, o riso, o amor - estes partiram.
Partiram para alimentar as rosas.
Os botões serão meigos, elegantes e perfumados. Eu sei.
Mas eu não aprovo. Mais preciosa era a luz em teus olhos que todas as rosas
do mundo.
Fundo, fundo, fundo na escuridão da cova docemente, os belos, os ternos, os
bons, calmamente eles descem, os inteligentes, os espirituais, os bravos. Eu sei.
Mas não estou de acordo. Eu não me conformo."

Canto Fúnebre Sem Música é de Edna St. Vincente Millay

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