Os teus dedos seguem suaves
o contorno de meus lábios,
São o traço com que desenhas tua boca
na minha boca, neste beijo que
apenas invento na impalpável realidade
dessa noite quente.
Teu olhar é o lápis escuro
com que percorres meus olhos
Realçando as sombras dos teus cílios que
deitam sobre mim pequenos raios
de uma luz brilhante que me acolhe e abriga
No escuro dos teus cabelos,
deixo meus dedos perderem-se
E na floresta encantada de perfumes
e essências que me despertas
nossos cheiros se misturam.
Sinto o carvão cobrir minhas mãos,
dispersar-se pela cor bronzeada
do papel que é tua pele
Em meu pescoço deixas
resvalar os sentidos,
em cálidos, doces e úmidos beijos.
Em meus ombros
repousas tua face,
como se a me pedir um
embalar de sonhos sem fim.
Em meu peito soltas suavemente
tua língua, como pincel que
em tons suaves pinta a cor do meu corpo.
A palma suave das tuas mãos
inventadas no vento dos dias,
percorre ondulante o perfil da minha cintura
e dela sentes o calor e absorves a entrega.
Em meu ventre sossegas teu ouvido,
que no silêncio perdido,
escuta o estremecer urgente do prazer.
Intuis caminhos
Trilhas que pareciam perdidas,
te levam ao universo de meus desejos
Caminhas na ponta dos dedos, e
neles sentes os sinais que minha pele madura,
te oferece em sintonias de prazer
Esqueço o tempo, que deixou de passar
e em teus braços entrego-me,
para que me recebas e
na envolvência desta certeza, dou-te
todas as sensações e todas as emoções
dos sabores transgredidos.
Abro os olhos
e sobre o papel, o que foram riscos avulsos,
são agora traços difusos,
do universo de nossos desejos e ânsias.
Nada mais... Nada mais.